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Processo n.º 1023/08
 
 3ª Secção
 Relatora: Conselheira Ana Guerra Martins
 
 
 Acordam, em conferência, na 3ª Secção do Tribunal Constitucional
 
  
 I – RELATÓRIO
 
  
 
 1. Após ter sido notificado de acórdão que julgou improcedente reclamação de 
 decisão sumária que rejeitou conhecer do objecto do recurso, vêm os recorrentes 
 arguir a nulidade do acórdão, ao abrigo da alínea d) do n.º 1 do artigo 668º do 
 CPC, aplicável “ex vi” artigo 69º, da LTC, nos seguintes termos:
 
  
 
 “1. Nessa reclamação da decisão sumária consta o seguinte: 
 
  
 
 “II A decisão sumária
 
  
 Considera a decisão que os tribunais não tomaram partido por qualquer das 
 interpretações normativas das normas em causa. 
 Mas se não o fizessem declaradamente, faziam-no implicitamente. 
 Na verdade, a página 3 e ss. da fundamentação jurídica da sentença de 1ª 
 instância refere-se expressamente ao artigo 20°da CRP e ao artigo 13°e 8°da CRP, 
 que foram aplicados e interpretados. Tendo as normas, tal como interpretadas e 
 aplicadas, sido subsumidas àquelas normas constitucionais 
 Mas também foi alegada a violação de princípios constitucionais. Porém, a 
 decisão sobre eles nada diz. Assim, há omissão de pronúncia.” 
 
  
 
 2. Conforme consta do título “A decisão sumária “, os requerentes alegaram que a 
 decisão sumária nada diz sobre a violação dos princípios constitucionais. 
 
  
 
 3.         O douto acórdão do Tribunal Constitucional que se pronúncia sobre a 
 reclamação, diz: 
 
 “Por outro lado, mal se compreende que só agora venham os reclamantes aludir a 
 uma alegada missão de pronúncia por parte da decisão recorrida “Ora, os 
 reclamantes reclamam da omissão de pronúncia da decisão sumária e não da decisão 
 recorrida. 
 
 4.         O acórdão do Tribunal Constitucional continua a não se pronunciar 
 sobre a omissão de pronúncia da decisão sumária, pelo que é nulo nos termos do 
 art° 668, n°1, d) do CPC. 
 
 5.         Por outro lado, a omissão de pronúncia viola o direito de acesso a um 
 tribunal previsto no artigo 6°, nº 1, da Convenção Europeia dos Direitos do 
 Homem. 
 
  
 Assim, deve ser declarado nulo o acórdão.” (fls. 349)
 
  
 
             2. Notificado do requerimento apresentado, ao abrigo do disposto no 
 n.º 1 do artigo 670º do CPC, aplicável “ex vi” artigo 69º, da LTC, o Ex.mo 
 Procurador-Geral Adjunto a exercer funções neste Tribunal, pronunciou-se nos 
 seguintes termos:
 
  
 
             “1º
 A presente reclamação é manifestamente improcedente. 
 
  
 
  
 
 2°
 Na verdade, o acórdão reclamado conheceu obviamente de todas as questões que 
 cumpria apreciar, confundindo o reclamante a pretensa “omissão de pronúncia” com 
 a não apreciação do mérito, face à evidente inverificação dos pressupostos de 
 admissibilidade do recurso.” (fls. 352)
 
  
 Cumpre apreciar e decidir.
 
  
 II – FUNDAMENTAÇÃO
 
  
 
 3. O requerimento apresentado pelos recorrentes evidencia incompreensão do 
 mecanismo de fiscalização concreta da constitucionalidade, pretendendo que a 
 ausência de conhecimento de uma questão de fundo, relativa à alegada 
 inconstitucionalidade de determinadas normas, consistiria numa omissão de 
 pronúncia por parte do Tribunal Constitucional.
 
  
 Ora, sucede que ao Tribunal Constitucional apenas é exigível uma apreciação de 
 fundo relativamente a questões de inconstitucionalidade normativa, quando se 
 encontrem preenchidos todos os pressupostos legais necessários ao conhecimento 
 do objecto dos recursos interpostos. Com efeito, o Acórdão cuja nulidade ora se 
 invoca não se pronunciou sobre se seria possível verificar uma violação dos 
 artigos 8º, 13º e 20º da Constituição da República Portuguesa. Nem o poderia 
 fazer, uma vez que os recorrentes pretenderam fixar como objecto do recurso 
 normas que não foram efectivamente aplicadas pelo tribunal “a quo”.
 
  
 Constituindo essa preterição de pressuposto processual condição fundamentadora 
 de decisão de não conhecimento, nem a decisão sumária, nem o acórdão ora alvo de 
 invocação de nulidade estavam obrigados a conhecer da questão de fundo.
 
  
 
  
 III – DECISÃO
 
  
 Pelos fundamentos supra expostos, e ao abrigo do disposto no artigo 668º, n.º 1, 
 alínea d) e n.º 3 do CPC, aplicável “ex vi” artigo 69º da Lei n.º 28/82, de 15 
 de Novembro, na redacção que lhe foi dada pela Lei n.º 13-A/98, de 26 de 
 Fevereiro, decide-se rejeitar o pedido de declaração de nulidade do acórdão 
 proferido.
 
  
 Custas devidas pelos requerentes, fixando-se a taxa de justiça em 15 UC’s, nos 
 termos do artigo 7º do Decreto-Lei n.º 303/98, de 07 de Outubro.
 
  
 Lisboa, 12 de Maio de 2009
 Ana Maria Guerra Martins
 Vítor Gomes
 Gil Galvão